quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Perdida

E aqui estou eu, no meio da escuridão, sozinha. Sinto-me vazia, dividida. Sorrisos, lágrimas; felicidade, tristeza; a vida é bela, não quero viver. 
Não sei bem quem sou. Não me consigo descrever, e muito menos o que sinto. Sinto tudo, sinto nada. Preciso de chorar mas não consigo. Não tenho lágrimas, nem motivos. 
Ninguém sabe o que se passa. Ninguém me conhece o suficiente para sequer desconfiar. E ainda bem, porque ninguém iria perceber, e se nem eu sei, como iria conseguir explicar?! 
A solidão é a minha única companhia. Estou sozinha nisto, e aguentar-me-ei até ao fim. Se é que algum dia ele vai existir. 
Eu não sou infeliz. Uma parte de mim é. Porquê? Não faço a mais pequena ideia. Mas sinto-me bem assim. Sinto-me bem ao sentir-me mal. 
Espero um dia descobrir-me. Por tantas estradas já caminhei; não me parece que algum dia alguma delas me tenha levado a algum lado. Perdi-me. Perdi-me em mim. 
Sou um ninguém perdido em nenhures que não possui nada. Nem sentimentos. Sou morta, e sou triste por ter morrido. Não sei se foi assassinato ou suicídio. 
Estou tão distante de mim. Foi naufrágio na minha alma. Quero encontrar-me.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Tudo tem limites

Não aguento. Estou farta de tudo! Quero desaparecer por um tempo; preciso do meu espaço, de estar sozinha, longe de tudo. TUDO.
Compreendo, mãe, que queiras o melhor para mim. Mas não é assim que o vais conseguir. Muito pelo contrário; assim só consegues que eu fique pior. "São fases", sim, talvez sejam. Espero que sejam. Espero que um dia isto passe; mas enquanto não passa, não podes simplesmente ignorar a maneira como me sinto. E não, não te podes por no meu lugar e tentar imaginar o que sinto. Sentimentos não se fingem, não se imaginam. E não faças perguntas, não te sei responder. Não consegues perceber e eu não consigo explicar.
É certo que não sou uma pessoa cheia de razão; mas tenho motivos suficientes para cada passo que dou. E estou cansada de caminhar.
Não consigo. A minha cabeça está prestes a explodir. Sinto-me morta, desejosa de morrer. Não quero estar aqui! Passaram apenas 16 anos e já me cansei de viver.
Não quero ser isto; não quero magoar as pessoas; não quero ser um monstro. Mas não tenho alternativa. Não consigo suportar todas as facas espetadas no meu peito sem um grito de dor por vezes escapar.
Eu tento. Dou o melhor de mim; mas o meu melhor não é suficiente.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Adultos vs. Adolescentes

Eles não percebem. Não percebem mesmo. Mas o pior não é o facto de não perceberem; é o facto de acharem que percebem!
Eles gostam de nos culpar e dizer "eu já tive a tua idade.". Hum, sim. Eu já tive cinco anos e não me recordo dos meus sentimentos na altura. Sou capaz de dizer que era uma pessoa inocente e não sabia nada da vida. Que me preocupava com coisas que não eram suposto preocupar ninguém, que chorava muito e os motivos eram... nenhuns? Nenhuns. Nenhuns, agora. Na altura eram motivos suficientes para me deixar com a cara encharcada e o coração partido. O problema é que as pessoas acham que os adolescentes são estúpidos.
Segundo eles, só vamos saber o que é a vida a sério quando tivermos contas para pagar, filhos para criar, trabalho para fazer, dinheiro para ganhar... Só aí.
Deitar tarde com o desejo de não acordar na manhã seguinte, acordar cedo com montes de coisas na cabeça, sem haver espaço para ter mais em que pensar, estar em frente ao espelho, a detestar o reflexo, ter de se arranjar, ficar o mais perfeita possível para não ser criticada, para agradar os outros, ir para a escola, ter de olhar para certas caras, ficar 90 minutos a ouvir um professor, enquanto se pensa em tudo menos no que ele diz, ter aquela pessoa na cabeça, problemas com o namorado, problemas com amigos, discussões com a mãe, correr o risco de perder certas pessoas, ter saudades de alguém, sentir-se uma merda, planear um suicídio, automutilar-se, e mesmo assim, ter de estudar para testes, ter de fazer trabalhos de casa, ter de esperar 5 dias para ter descanso e nem descanso se tem... E isto não chega a ser metade. Mas, problemas? Não. Só os adultos é que têm problemas. Segundo o que eles dizem.
Não, mãe, eu não baixei as notas porque me apeteceu. Não, mãe, eu não choro porque tenho medo dos testes. Não, mãe, eu não me quis armar em rebelde. Não, mãe, eu já não sou uma criança. E não, mãe, não me digas que posso desabafar contigo e contar-te tudo porque não, mãe, por muito que penses que sim, tu não me percebes.