sábado, 8 de agosto de 2015

Querida ansiedade...

Já se faz tarde, mas não consigo dormir. Há sombras e barulhos no meu quarto (ou na minha cabeça) que me impedem de no sono cair. E eu não paro de chorar. E de tremer, e de suar. O meu coração bate forte contra o meu peito, tentando livrar-se das correntes imaginárias que o prendem. E dói. A respiração ofegante já se ouve mais do que aquele grilo irritante. Aperto com força os lençóis e levo-os um pouco acima do nariz para não ver o que não quero. Para não ver o que a minha mente quer que eu veja. Ligo o telemóvel e aponto para cada canto, para o quarto iluminar e assim ter a certeza de que ninguém me vai magoar. Os meus olhos estão em constante movimento. Não quero fixá-los apenas num lugar, pois tenho receio de não ver o que devia ou de ver mais do que o que queria.
Rapidamente me levanto e corro para o interruptor. Finalmente luz. E para meu (não) espanto, nada havia de invulgar. Era o meu quarto, desarrumado, tudo no lugar. Acendi todas as luzes que tinha à disposição, fechei-me na casa de banho sem saber bem o que fazer. Olhos vermelhos, cheios de medo e aflição. Fechei-os para abrir a porta, sem me assustar com um dos cenários que na minha cabeça estava a imaginar. Corri pelas escadas a baixo. E foi então que ouvi o som da televisão. E, nestas alturas, paz e sossego não é silêncio. Pelo contrário, é movimento.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

R1

Sou pássaro livre, preso numa gaiola aberta. Encostada a um canto, penso demais e sozinha me desmancho; coração cosido, mais uma vez rompido. Danificado, rasgado, não me consigo controlar; e embora pareça que me tenha sacrificado, nunca nada fiz para mudar.
Sou fraca guerreira. Todos os dias me arrasto por entre toda esta poeira. Ao chão ninguém me deita; sou eu quem se atira. Rendo-me sem lutar, muito quero e nada faço para alcançar. Mártir deixei de ser, chegou a hora de ganhar coragem para a cabeça erguer.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Há guerra em mim

Já muito lutei e sofri calada; se eu não tenho medo de mim, então eu não temo nada. Sou quem mais me magoa e quem os outros magoa mais. Sou desilusão, eu sei; vejo no chão os pequenos pedaços da alma que quebrei; que comigo se perdeu, quando por aí vagueava em busca de um novo eu. Um alguém melhor do que o que sou: triste pessoa que desmoronou.
Caminho por aí, morta ou viva, continuo aqui. Estou cansada de todo este cansaço que mora em mim. Tento erguer a cabeça mas a pedra pesada da consciência não me permite tal força. De nada valem os esforços continuados, tentativas falhadas de ambições que jamais serão alcançadas.
Arrasto-me na tentativa de encontrar algo que me motiva. Triste vida. Paro em cada obstáculo que à minha frente é colocado. Degrau a degrau tento subir esta escada; mas é cada um maior que outro, e sinto-me tão incapacitada.
Hoje enfrento o meu pior inimigo. Há guerra em mim; viver comigo, que martírio. Sou pedaços quebrados, colados. Frágil, rachada; sou tudo, sou nada.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sou desgraça

A minha vida é à base de erros. Eu própria sou um erro. Não diria que sou má pessoa por isso; há diversas formas de errar. Eu erro com a melhor das intenções. É como se fosse levar um tiro por alguém, no entanto a bala passa por ambas as pessoas. Mas pior: sou eu quem está por trás do gatilho. Como sou eu capaz de fazer tanta maldade? Eu não sei. As pessoas são como são por um motivo que elas próprias desconhecem.
Se acabo com a vida de toda a gente por que me impedem de acabar com a minha? Não suporto já este peso na consciência que nem eu posso levantar. Sou culpada e sei mas nada posso fazer para mudar. Vou caminhar por aí sem destino e pouco me importa onde vou parar. Se já estou meia perdida na vida por que não perder-me por completo?
E por vezes chega aquela altura em que finjo sorrisos, porque se pedir ajuda as palavras serão as mesmas e já nada disso me cura. Não quero cansar quem mais merece descanso.
Uma vez que não tenho coragem para fugir da vida, procuro meios que me tirem desta realidade. Não aguento viver aqui, meia desgraçada que só vê extremos. São lágrimas transformadas em gargalhadas sem sequer terem tempo para secar. Sou ruínas, por dentro sou só silvas, abandonada há muito tempo por pessoas que jamais me deixarão. Mas eu mereço, porque sempre me deram a mão. E força para me levantar não fiz nenhuma, não me consegui esforçar. Alguns fracos eu puxei, na tentativa de sair do buraco onde me enfiei. Julguei-me forte até ao momento em que acordei.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Desorganizada

E aqui estou eu, mais uma vez. Caí no mesmo buraco sem querer. Depois de tantas vezes percorrer este caminho, continuo sem sabê-lo de cor. E na esperança de o conhecer lanço-me para a frente sem nada temer. Grande erro. Eu nunca aprendo a lição. E as pessoas continuam a pedir-me uma explicação. Que direi eu? Não sei por que o faço. É ridículo, eu sei. Mas o que esperam que diga? Que invente desculpas que são mentira?
Se não sei dizer quem sou, tão pouco saberei explicar o que sinto. E mesmo que o dissesse, quantos de vós iriam entender? Sou uma desordem cá dentro. Sinto-me animal selvagem inocente, enjaulado num sítio ao qual não pertenço. E estas correntes fracas que eu poderia arrancar com os dentes, nem são elas que me pesam. O que pesa mais é a falta de coragem. E a coragem em demasia. Tenho uma força gigante que não sei usar. Eu devia fugir daqui. E não se trata de poder ou não poder, trata-se de querer. E eu quero. E então, o que não sei explicar é: por que não?
Eu sou confusão. Já nem é tristeza o que sinto. É indecisão. Estou inteira, mas perdida. O que dói agora já não é a ferida, mas sim o facto de não saber como a curar. Como hei-de explicar... Eu já não sei se quero o que sei que quero. E pareço louca, eu sei. Mas é isto. É exactamente isto.
As pessoas julgam-me triste. Não sou. Só não sei para que lado caminhar, e quando caminho para o lado errado tendo a errar cada vez mais. Mesmo que volte atrás. Ambos os caminhos são errados. Talvez eu não pertença mesmo ao sítio onde estou. Ou talvez eu não saiba fazer-me pertencer. Ou talvez saiba demais.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Erros

E mais uma vez, aqui estou. Erros são lições, mas eu teimo em errar mais e nada aprender. Continuo à procura da minha felicidade nos outros mesmo sabendo que a perdi algures dentro de mim... E, portanto, de novo aqui estou. Caída no mesmo buraco, cavado pelas minhas próprias mãos.
Eu não posso estar bem sabendo que continuo a magoar alguém. Está tudo nas minhas mãos. E eu faço tudo o que posso mas tudo o que faço é errado. Eu não sei para que lado caminhar. Tudo à minha volta está quebrado e por muito que eu tente culpar toda a gente eu sei que a única culpada sou eu. Fiz tudo mal, arruinei almas e corações, transformei sorrisos em lágrimas e destruí vidas de quem amo. Mas a intenção nunca foi essa; eu queria ser feliz e perdi-me com a pressa.
Quem me dera a mim poder voltar atrás. Eu teria feito tudo de novo, porém teria feito tudo direito. Errar é humano mas nenhum monstro erra tanto quanto eu. No entanto, espero que compreendam, não me podem culpar por não me conseguir controlar.

domingo, 18 de maio de 2014

U.

Não sei mais o que dizer. Já tentei de tudo, tentei fazer-te ver. Tens os olhos fechados. Já tentei explicar, mas para a realidade tão cedo não vais olhar.
Posso ter errado, e sei que errei, mas o que sinto por ti, sempre o demonstrei. Mas tu? Vindo de ti, sinto apenas o desprezo que me dás. Falar comigo tornou-se sacrifício? Sinto que estou a ficar para trás. 
Quanto tempo isto irá durar? Não as discussões, mas a merda por que me fazes passar. Discussões eu podia evitá-las. Podia ficar calada a engolir facas. É muita a dor no meu peito. Suporto imensa coisa, excepto que me faltes ao respeito. 
Eras o rapaz perfeito; tornaste-te em alguém que nenhum bem me tem feito. 
Não aguento viver assim; mas por ti, vou até ao fim.