Palavras tornaram-se banais. Já não acredito em nada. Não me podes culpar por isso; depois de todas as mentiras, não me podes culpar. Confio em ti, sim; não confio no que sentes. Nem eu, nem tu.
Não me sinto amada, não me sinto protegida. Já nada é como antes. Tenho medo de estar iludida.
Eu não paro de correr atrás. É verdade, eu sei. Mas tenho medo; tenho medo porque sinto que se parar de correr, tu não voltas para me vir buscar. Estás a afastar-te cada vez mais nesta estrada longa, e tenho medo de que um dia o nevoeiro não me permita ver-te.
É de noite e estou sozinha, a observar-te, tão distante de mim. Lembro-me de quando conseguia ver a cor dos teus olhos de tão perto que estavas. Agora és apenas um vulto, ao fundo da estrada, que já mal consigo notar.
Lutaste tanto para me ter; agora lutas para me perder. Mas não te julgo, não te critico. Sei que não foi fácil estar na tua pele, sei que não foi fácil desempenhar o teu papel. Sei que fiz com que aguentasses muito, e espero, sinceramente, que um outro tanto aguentes.
Não sei como esta história vai ficar, não sei se este é o fim, ou se nunca vai terminar. Por mim, escrevíamos até a tinta acabar.
Já não te reconheço. Não sei se ainda sentes, ou se o sentimento já se foi. Já nada demonstras; e palavras, de nada me servem. Não sei se ainda vês em mim aquela por quem um dia te apaixonaste. Aquela por quem tanto lutaste. Agora estou aqui, mas no meio de tantas incertezas, já nem sei o que significo para ti.