terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sou desgraça

A minha vida é à base de erros. Eu própria sou um erro. Não diria que sou má pessoa por isso; há diversas formas de errar. Eu erro com a melhor das intenções. É como se fosse levar um tiro por alguém, no entanto a bala passa por ambas as pessoas. Mas pior: sou eu quem está por trás do gatilho. Como sou eu capaz de fazer tanta maldade? Eu não sei. As pessoas são como são por um motivo que elas próprias desconhecem.
Se acabo com a vida de toda a gente por que me impedem de acabar com a minha? Não suporto já este peso na consciência que nem eu posso levantar. Sou culpada e sei mas nada posso fazer para mudar. Vou caminhar por aí sem destino e pouco me importa onde vou parar. Se já estou meia perdida na vida por que não perder-me por completo?
E por vezes chega aquela altura em que finjo sorrisos, porque se pedir ajuda as palavras serão as mesmas e já nada disso me cura. Não quero cansar quem mais merece descanso.
Uma vez que não tenho coragem para fugir da vida, procuro meios que me tirem desta realidade. Não aguento viver aqui, meia desgraçada que só vê extremos. São lágrimas transformadas em gargalhadas sem sequer terem tempo para secar. Sou ruínas, por dentro sou só silvas, abandonada há muito tempo por pessoas que jamais me deixarão. Mas eu mereço, porque sempre me deram a mão. E força para me levantar não fiz nenhuma, não me consegui esforçar. Alguns fracos eu puxei, na tentativa de sair do buraco onde me enfiei. Julguei-me forte até ao momento em que acordei.